Ao nos referimos à fase da adolescência, detemo-nos no comportamento popularmente denominado “aborrecente” dos jovens que, nesta etapa, tudo questionam, irritam-se quando suas ideias não prevalecem e acabam “aborrecendo” àqueles com quem convivem. Se ampliarmos nossa visão, poderemos considerar a adolescência como parte de um complexo processo de transformação que a família atravessa ao longo do seu desenvolvimento.
Os filhos crescem, começam a ter contato com outros grupos e aos poucos vão percebendo as diferenças de regras nas famílias de seus amigos. Por outro lado, há uma cultura própria dessa fase, que se percebe no vocabulário, roupas, valores, etc… Eles passam a contestar as normas e padrões familiares. Ao mesmo tempo, os pais ao se relacionarem com seus adolescentes estão retomando a sua própria adolescência e, algumas vezes, ficam confusos e assustados, pois os conflitos não resolvidos por eles vêm à tona influenciando suas ações e reações. Associadas as essas pressões há, também, as necessidades internas de outros membros da família que estão atravessando outro estágio em seu ciclo de vida: a maioria dos pais aproxima-se da meia idade, momento em que podem ser levado a avaliar suas satisfações pessoais, o casamento e carreira; os avós enfrentam a aposentadoria, doenças e mortes. Portanto, é um período no qual as pessoas defrontam-se com grandes desafios e que vai exigir mudanças e reorganização de papéis na família, envolvendo, no mínimo três gerações.
A maioria das famílias, depois de certa indecisão, tem capacidade de ultrapassar essa etapa reorganizando-se, mudando normas e limites. Algumas são incapazes de se adaptarem às mudanças e não conseguem ter flexibilidade e dar espaço para os adolescentes crescerem. A paralisação, que eventualmente se expressa no comportamento sintomático do adolescente (depressão, abuso de drogas, doenças psicossomáticas, etc…). é um sintoma e denuncia a disfunção familiar.
Nesse momento a família necessita procurar ajuda profissional para poder encontrar alternativas para lidar com as circunstâncias novas e assim, seguir em frente, liberando o adolescente para continuar seu processo de crescimento e amadurecimento.
Norma Emiliano – Assistente Social, Mestre em política social, especialista em Terapia de Família e Gerontologia, amiga e colaboradora do Cada Dia. www.pensandoemfamilia.com.br