Cinco décadas atrás o cenário era outro. Aposentadoria significava o fim da carreira e à hora de desfrutar o tempo livre com os prazeres antes negados pela rotina do trabalho. Hoje, há quem deixe para mais tarde a hora de pendurar as chuteiras e, em vez de descanso, a palavra de ordem é recomeço.
O aumento da expectativa de vida é um dos principais responsáveis por tamanhas mudanças. Na década de 50, a aposentadoria era tratada como um dolce far niente. “Isso porque a média de vida dos brasileiros era bem menor e era natural o sujeito vir a falecer ainda exercendo sua atividade profissional”, afirma a psicóloga Raquel Franco.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 20 anos a expectativa de vida aumentou de 63,9 para 71,3 anos. As mulheres vivem, em média, sete anos a mais que os homens. Com esse tempo a mais, é preciso planejar, independentemente do gênero, a hora de parar.
Entram em xeque tanto as questões financeiras como as emocionais, o que inclui rearrumar a rotina de casa. Para evitar mudanças bruscas no estilo de vida, alguns especialistas calculam que o benefício deve ser de, pelo menos, 70% do rendimento da época da ativa. Recorrer aos planos de previdência privada pode ser uma boa alternativa. Não existe idade ideal para aderir, mas quanto mais cedo, melhor.
Outra saída é simplesmente não parar. O carioca João Fonseca, de 64 anos, faz parte do grupo que, mesmo depois de aposentado, preferiu permanecer no batente. A natural disposição para trabalhar, o prazer de continuar lecionando, sem contar a necessidade de manter o padrão da minha família, são os fatores que mais pesaram na minha decisão. Se eu parasse, estaria acabado, pelo aspecto financeiro e emocional, também, pois me sinto em plena forma, afirma.
Desenvolver uma segunda carreira também é um recurso muito utilizado e recomendado até. Pode ser a chance de descobrir dons e aptidões e até mesmo de transformar o que antes era lazer em atividade remunerada. Exemplos de quem já tentou não faltam. É a história do engenheiro paulista Alexandre Albuquerque, de 63 anos. “Sempre fui apaixonado por computadores. Ao me ver livre do trabalho, resolvi transformar meu lazer em segunda profissão. Hoje, dou aulas particulares de informática para crianças”, conta.
Editora Mais de 50