As crianças, de modo geral, não andam muito entusiasmadas com a leitura. Quando leem, preferem a aventura à reflexão. A TV, internet e o videogame ocupam grande parte de seu tempo. As crianças são imediatistas, não têm paciência para ler textos longos. Poucas vão espontaneamente à Sala de Leitura da escola. E, por não lerem frequentemente, acabam apresentando muitas dificuldades para interpretar – e até para compreender – textos, o que prejudica o aprendizado de matérias como História e Estudos Sociais.
Estas são as frias constatações de cinco professoras de Língua Portuguesa, de turmas de 5a a 8a série, da Escola Municipal Pio X, em Jacarepaguá. Mas num ponto Jeanete, Gracinda, Claudia, Mônica e Ana Cristina concordam: sempre existem, em toda turma, aqueles que cultivam o hábito de ler e o gosto pela coisa. E elas partilham também a eterna esperança que move o educador: mesmo os que hoje não são lá muito chegados a um livro, mais cedo ou mais tarde reconhecerão o valor e o deleite de uma boa leitura.
Segundo as professoras, as armas que se devem utilizar são a criatividade e a persistência. Fazemos muitas atividades com jornais, porque assim podemos lidar com assuntos mais atuais, com os quais os alunos se identificam, diz Mônica. Outra proposta interessante é apresentar um único livro à turma – geralmente escolhido na própria Sala de Leitura – e dividir os alunos em grupos de seis, conta Gracinda. Para ela, este recurso movimenta as crianças, porque cada grupo, além de ter que ler o livro inteiro, precisa contar para a turma, à sua maneira, um capítulo específico. Ele tem que apresentar um trabalho e usa cartazes e até pequenas representações teatrais.
Para a professora Leila, orientadora pedagógica da escola, um importante incentivo ao ato de ler é o programa que está envolvendo toda a escola, chamado Projeto Mapa da Mina, e que, este ano, inclui o tema E Nós? Para Onde Vamos? Com este projeto, elaborado na própria escola, tentamos fazer com que os alunos reflitam sobre valores morais, e encontrem sua identidade no mundo, explica.
Fonte: Caco Xavier é jornalista da Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, editor de um programa de jornalismo em saúde pública.