A observação e estudo das maravilhas e mistérios do mundo natural têm contribuído grandemente para o progresso da humanidade. O sofisticado sistema de orientação do morcego, por exemplo, ajudou na invenção do radar. O sapo, na elaboração de defensivos agrícolas. O incômodo causado pelo popular “carrapicho” levou à concepção do velcro, presente em bolsas, carteiras e roupas. A organização social das abelhas e formigas poderia servir de modelo para os caóticos centros urbanos.
Muitos dos problemas considerados insolúveis teriam solução se a vida moderna nos permitisse aprender da natureza, que não é somente fonte de deleite, mas de instrução.
O comportamento dos elefantes jovens que cresceram sem a orientação e o controle dos pais, na África, estabelece uma perfeita analogia com o que acontece com crianças provenientes de lares desfeitos ou desajustados.
Criados sem os pais – mortos para evitar uma superpopulação da espécie – esses elefantes sofreram danos psicológicos irreparáveis, segundo os zoólogos. Sem a companhia dos animais mais velhos que exercem a função de educadores, não puderam desenvolver noções de unidade e hierarquia no bando. Por não terem sido educados a reconhecer limites, exteriorizam seus ímpetos assassinos contra os rinocerontes, companheiros de habitat, que violentamente derrubados, sentem sobre si o peso do inimigo e as suas presas enterradas em seu corpo.
Não somos proboscídeos, nem vivemos em bandos, mas aí está a gênese de nossa miséria social, o germe da violência de cada momento. O que esperar e o que exigir de seres humanos que desde a gestação só conhecem uma vida cheia de abandonos e privações?
A família é, sem questionamentos, a primeira fonte da unidade material e espiritual com deveres sagrados de educar a prole, inspirada nos ideais de amor e solidariedade. No entanto, é também a família que muitas vezes contribui para levar a criança a uma situação irregular pela capitulação de suas obrigações essenciais.
A vida neurotizante que se leva, torna complexos os relacionamentos e os filhos acabam pagando o tributo do desacerto dos pais. São as vítimas da alienação do lar. Muitas vezes a primeira bomba na vida das crianças quem joga é a família.
Para muitos, a família inexiste e quando existe está totalmente desestruturada. É apenas ficção ou escola ruim. A figura paterna é ausente ou complacente, e a mãe sem recursos para assistir o filho material e afetivamente. Este é o mecanismo diabólico que faz girar a engrenagem da violência e provoca a dissolução das regras civilizatórias.
Estudos sociológicos do comportamento da juventude confirmam que o estresse ambiental predispõe à delinquência como reação neurótica, acompanhada às vezes de sintomas psiquiátricos.
Nenhuma outra instituição no mundo pode contribuir mais para a prevenção desses fatores. O ambiente familiar é decisivo para favorecer a delinquência ou evitá-la.
Se a família é verdadeiramente uma matriz organizacional, dirigida por pais interessados na formação equilibrada do caráter dos filhos, com limites claros respeitados e com valores éticos calcados na relação familiar, conseguirá atenuar todas as forças alienantes, com o poder terapêutico dessa instituição. Verdade que até os bichos podem nos ensinar.
Marcos Osmar Schultz – Pastor