Bombardeados por notícias negativas de toda ordem, as Estatísticas do Registro Civil divulgadas pelo IBGE no final de 2009, oferecem uma boa razão para festejar: o aumento do número de casamentos.
O total de casamentos no Brasil tem sido crescente em termos absolutos e relativos nos últimos dez anos. Isso decorre, em grande parte, da melhoria no acesso aos serviços de Justiça, da procura de casais para formular uniões consensuais incentivados pela renovação do Código Civil em 2002 e da oferta de casamentos coletivos. O casamento está em alta. As pessoas estão casando cada vez mais. As taxas de uniões formais vem atingindo maiores índices e, ao mesmo tempo, as de separação e divórcio estão estáveis.
Essa tendência de crescimento contradiz todas as teorias “modernistas” que consideram o casamento uma instituição em declínio. O valor do casamento permanece muito alto na cultura brasileira.
O casamento continua sendo uma extensão da missão e do destino das pessoas envolvidas. Vai além dos costumes sociais, tornando-se um importante aspecto do desígnio espiritual dos indivíduos. O segredo de sua sobrevivência é que ele é muito mais do que um acordo entre duas pessoas. Vivemos em uma época irreverente que condena à falência tudo o que é considerado solene ou sagrado. O casamento também sofre os efeitos da dessacralização. Não são poucos hoje os que defendem que ele, em seu perfil contemporâneo, não passa de um contrato com cláusulas sobre gerenciamento financeiro, atribuição de tarefas, procedimentos para eventual separação, férias conjugais…
O casamento nunca aparece na Bíblia meramente como um contrato secular. Antes, ele é uma união espiritual especial com a consequente comunhão. Primeiro, é uma instituição divina, depois é que se tornou uma instituição civil.
Em toda a Bíblia há interesse pelas qualidades pessoais da vida, pelas relações entre seres humanos totais e não simplesmente contatos entre corpos. A Bíblia aponta para possibilidades mais elevadas, para o amor, compromisso e fidelidade.
Jesus e o Casamento
Jesus escolheu um casamento para inaugurar as manifestações de Seu reino. Fez muitas referências ao casamento, e o usou como metáfora da necessidade de preparo e vigilância para o Seu segundo advento ao mundo. Da profusão de Seus ensinos destacam-se quatro aspectos que apontam para a santidade do casamento:
1. Deus estabeleceu o casamento. (Mt. 19: 4 e 5) Ele origina-se em Deus, preenche a necessidade de amor dos cônjuges e torna o casal em seu matrimônio à imagem do Senhor. A imagem divina não se refere apenas ao fato de nos assemelharmos a Deus por sermos guiados pela razão ou por termos livre arbítrio. Ao dizer que Deus criou macho e fêmea à sua semelhança, a Bíblia indica que nossa semelhança com Deus é entendida também através do mútuo relacionamento de amor que mantemos. Fomos criados homem e mulher como sinal da necessidade de nos realizarmos através do amor.
2. O casamento cria uma unidade indivisível. Jesus disse: “De modo que não são mais dois, porém uma só carne”. (Mt. 19:6pp) Homens e mulheres têm necessidades biológicas, psicológicas e espirituais de formar um par. Jesus exibe aqui um dos lados mais bonitos do casamento: o companheirismo, o apoio mútuo, a cumplicidade.
A formação psíquica de homem e mulher é constituída de tal modo que um e outro são emocionalmente incompletos, por isso mesmo precisando de ajuda suplementar do outro. Uma nova unidade é estabelecida, para a qual cada um dos cônjuges empresta sua contribuição. Nenhum deles, entretanto, deve perder a sua identidade pessoal nesse relacionamento.
3. O que Deus ajuntou ninguém tem o direito de separar. (Mt. 19: 6 up) O casamento não é uma união descartável. É um pacto emocional que une um homem a uma mulher para toda a vida. Deve ser uma aliança vitalícia que envolve uma profundidade de satisfação e comunhão simplesmente desconhecida àqueles cuja experiência é casual, ou apenas física.
O casamento tem que ser uma prática diária. É uma “coisa” viva, e só subsiste quando diariamente cultivado e renovado. O risco de qualquer casamento acabar em divórcio é de 45%. Basta o descuido para que aconteça a separação e o divórcio que hoje pode ser direto, ou seja, em cartórios, com menos burocracia. E, para tornar o ato de desfazer um casamento ainda mais banal, tramita no Congresso Nacional o projeto que cria o divórcio online.
Para cada 4 casamentos civis realizados no Brasil, é registrada uma separação. Quem em sua própria vida conjugal vir sintomas letais de desintegração e declínio, cuidado: o divórcio dos espíritos é o prelúdio do divórcio do coração.
4. A infidelidade é o único motivo para o divórcio. (Mt. 19:9) O casamento é um
pacto bilateral que confere mútuos direitos, mas, ao mesmo tempo impõe mútuos deveres. Um deles é o de fidelidade. Jesus enfatizou que a infidelidade conjugal não pode ser vista como fascinante e com pequenas consequências. A violação do pacto matrimonial é a única razão legítima para a dissolução do casamento.
Considerando a fraqueza e os erros próprios da humanidade, os discípulos perplexos, concluíram então que é melhor não se casar. Eles desconsideraram dois pontos: Deus estabeleceu o princípio fundamental do casamento quando disse “não é bom que o homem esteja só”, portanto, “deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher.” Segundo: o divórcio não é obrigatório, mas permitido quando o pacto matrimonial é violado. Mesmo quando essa tragédia acontece, o melhor caminho é o da reconciliação.
“O que os discípulos esqueceram e que também esquecem os cristãos hoje, é que Cristo oferece outra solução para o desentendimento matrimonial. Segundo a fórmula de Cristo, quando os caracteres e personalidades não combinam, a solução está em mudar o caráter, o coração e a vida (Rom. 12:2) e não mudar de cônjuge. Não há problema matrimonial que não possa ser resolvido para satisfação dos cônjuges se os dois estão dispostos a seguir os princípios apresentados por Cristo no Sermão da Montanha.”
Marcos Schultz – Pastor