É interessante observar como desde a adolescência, a busca do parceiro ou parceira norteia a vida das pessoas. Mesmo antes dessa fase, na puberdade os jovens já começam mesmo que timidamente, a notar o sexo oposto com certa curiosidade, mas é na adolescência que a luta começa de fato.
Fala-se de luta porque este caminho até o escolhido é longo, cheio de acidentes de percursos, de acertos e erros, mais erros que acertos. Na adolescência onde aparecem tantas modificações físicas, devemos somar as perturbações emocionais que vão nos marcar por toda vida. Uma das maiores preocupações desta fase é sem dúvida ser aceito e principalmente desejado e querido. Para que isso aconteça nos esforçamos o tempo todo para estar nos lugares certos, participar dos grupos mais interessantes e promissores, saber o que vestir, com quem conversar e até o que falar para quem e quando. Nesta fase a insegurança é tanta que acabamos nos espelhando em pessoas que consideramos bem sucedidas para estabelecer o ponto de partida. Nossos ídolos nos vestem, definem com quem vamos anda, sobre o que vamos falar e como vamos nos comportar em diversas situações, mas não nos ajudam muito no quesito parceiro.
Na tentativa de nos “montarmos” da melhor maneira possível para conquistarmos quem nos agrada às vezes assumimos posturas que achamos ser a mais correta, formas de falar e vestir que achamos mais conveniente, mas que pouco tem de fato a ver com o que somos.
Quando observamos os jovens e suas “baladas”, o que mais chama a atenção é a quantidade de iguais, todos se vestem da mesma maneira, todos ficam com todas, todos bebem todas e a conversa no dia seguinte é, com que você ficou, quanto você bebeu e quanto você “zoou”.Então nada se cria, tudo se copia?
A formação da personalidade passa por várias etapas e por muitas influencias ate chegar a maturidade. Esse exercício de formação é um dos mais difíceis de ser administrado porque envolve um esforço diário em busca da adequação e da satisfação.
A busca de um parceiro envolve muito mais que a escolha do estilo, da filosofia que seguimos ou com quem andamos. Envolve auto-estima, confiança, personalidade e arrojo. Gostar do que se é, agir com coerência, reconhecer defeitos e qualidades, respeitar o outro e saber ouvir, são noções e comportamentos que envolvem um auto-conhecimento que se desenvolve aos pouco e às custas de muito exercício de viver.
A busca do par envolve dedicação e persistência, que pouco tem a ver com a experimentação da adolescência onde quase todos parecem os escolhidos, onde angustia e ansiedades andam sempre de mãos dadas e estar namorando ou ficando é quase que um troféu.
Logo para desempenhar esta “tarefa”, não existe formula mágica ou padrões rígidos, mas uma enorme boa vontade, uma disposição quase de atleta e principalmente uma crença apaixonada no futuro.
Silvana Grimaldi Martani – É amiga e colaboradora do site Cada Dia é Psicóloga da Clínica de Endocrinologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Organizadora e autora do Livro – Uma Viagem pela Puberdade e Adolescência.