Finalmente saímos da inércia, finalmente surgem ideias, debates, planos de ação para proteger nossos jovens. Que pena que precisou custar a vida de cinco quase crianças para que começássemos a agir. Políticos, donos de boates, policiais estão discutindo e revendo condutas e regras que possam oferecer um universo mais seguro no qual os jovens possam estar pelo menos um pouco protegidos de sua ânsia de viver perigosamente enfrentando desafios que põem a prova sua capacidade. Pois esta sempre foi e creio que sempre será uma característica de quem tem menos de 20 anos. O mundo lhes pertence, sentem-se invencíveis “não tenho medo de nada” e acham que podem tudo. Estão cumprindo seu papel de adolescentes. Mas, estaremos nós cumprindo o nosso papel de adultos?
Fico com vontade de contribuir com esse esforço de dar limites mais adequados aos jovens. Como mãe, avó, pedagoga e terapeuta de família, tenho alguma experiência em educação. Talvez minhas observações e sugestões possam ajudar alguns pais a se sentirem mais seguros de dizer não aos filhos. Esta é talvez a sugestão que considero mais importante. Você pode dizer NÃO aos seus filhos. Ê importante para você e para eles. É importante para a relação de vocês e para a relação de seus filhos com o mundo. Mesmo que eles fiquem momentaneamente chateados com você. Mesmo que façam malcriação e tentem retaliar. Se você tiver um parceiro ou parceira na educação de seus filhos faça uma aliança com ele ou ela para ter mais firmeza ao dar limites. Mas não deixe de acreditar na sua experiência de vida e diga NÃO com convicção quando achar que isso é o certo para seu filho.
Percebo que alguns pais hoje têm medo de seus filhos. Já houve época em que se dava o contrário: os filhos é que tinham medo dos pais. Seria melhor? Acho que não. Mas a ideia de ser “amigo” do filho também não funciona. Os adultos devem ser os orientadores da criança; a criança espera que eles saibam o que é melhor para ela e que a coloquem no bom caminho. Que não necessariamente é feito só de doces, brinquedos e vídeo games. Que precisa incluir tomar banho, escovar dentes, fazer dever de casa. Seu filho precisa entender desde criança que existem regras de convivência que ele precisa respeitar como os pais também precisam se instruir para saber o que é adequado esperar de cada filho na idade em que ele se encontra. Creio ser esta uma sugestão que você possa aproveitar: pense no que você aprendeu na sua família de origem. s O que você gostaria de manter? O que não? Por quê? Discuta essas questões com quem esta lhe ajudando a educar seus filhos. Faltam informações? Vocês gostariam de saber mais sobre o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Procurem se informar.
Não nascemos sabendo ser pais, mas temos como aprender. Mexa-se. A vida de seu filho pode estar em perigo.
Fonte: Evelyn Rogozinski é Pedagoga e Terapeuta de Família. É membro da ATF e integrante da Comissão Científica do VIII Encontro Regional da Família.