Quando Ele entrou em Jerusalém, agitou-se a cidade toda e perguntavam: Quem é este? Mateus, 21:10. Quando Jesus entrou em Jerusalém, foi recebido por uma grande multidão como um Rei em Israel. Entretanto, a forma como Jesus se apresentou não correspondia exatamente com a imagem que a população tinha de um Rei. Sem as riquezas e sem um suntuoso cortejo digno de uma realeza, Jesus se apresentou montado em um jumento sem os guardiões reais, sem os arautos, ministros e etc. e por isso as pessoas não compreendiam nada do que estava acontecendo. Mas, apesar da simplicidade do Mestre, a cidade se agitava muito mobilizando as instituições, as autoridades, a população…, todos disputavam uma vaga em meio à multidão para assistir a passagem daquele que fora anunciado! E com sentimento de admiração e desapontamento, todos também perguntavam uns aos outros: “Quem é Este?”
Tudo isso porque, socialmente falando, dentro ou fora da família as pessoas têm uma referência, um perfil para ser vivido. É uma espécie de estilo de vida, um script que todos devem cumprir sob a pena de sofrer uma rejeição social. E foi exatamente isso que aconteceu com Jesus ao se apresentar com simplicidade, com a humildade que não era própria para o perfil de um Rei que todos conheciam e estavam acostumados. Não perceberam a pessoa de Jesus porque todos queriam ver o papel social que ele representava, a posição que Ele ocupava e não quem ele era.
Toda cultura estabelece para os indivíduos, um padrão rígido de ser. E esse padrão que pode ser bom ou ruim, faz com que todos assumam maneiras de pensar e agir como se fossem robôs produzidos e programados em série. Mas ninguém é o papel social que ocupa! Porque não pode ser saudável que alguém só se imagine importante em função de uma posição social.
Portanto, quando Jesus não se apresentou exatamente como as pessoas estavam esperando, causou confusão para o entendimento das pessoas e desapontou muita gente! Obviamente que isso não O diminuiu em nada. Ele continuou sendo o mesmo Senhor de todos, o dono de tudo… Mas nada disso importava para população porque queriam ver um rei nos padrões que estavam acostumados. Presos as formalidades das aparências, os espectadores compararam as virtudes de Jesus às fraquezas dos reis humanos e não entenderam nada. Sua humildade no lugar do orgulho, Seu amor no lugar do egoísmo e etc. em vez de despertar a admiração, causaram muita confusão para compreensão popular. E, portanto, se descriminar as pessoas pelas suas limitações pessoais é um erro grave, o que dizer da exclusão, ou aceitação apenas pela aparência?
O homem valorizou tanto as posições sociais que sempre reservou um tratamento específico para cada um, de acordo com o status de cada um. Os indivíduos são tão conhecidos pelas profissões, pelos cargos que ocupam que os papéis sociais se confundem com a própria identidade das pessoas. Talvez por isso que desde a infância todos são treinados para competir, lutar para ter algo, lutar para ser alguém. São estimulados a ampliar os horizontes, a vivenciar diariamente novas conquistas e aprender que o mundo não trata bem quem não tem algo para oferecer.
Mas Jesus orientou que pelo menos na igreja as pessoas seja acolhidas, amadas, independentemente das suas limitações físicas, mentais ou profissionais. “Porque, se entrar na nossa reunião algum homem com anel de ouro no dedo e com traje esplêndido e lhe disserdes: Senta-te aqui num lugar de honra; e disserdes ao pobre: fica ai em pé, ou senta-te abaixo do escabelo dos meus pés, não fazeis, porventura, distinção entre vós mesmos e não vos tornais juízes movidos de maus pensamentos? … Pois qualquer que guardar toda Lei mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos mandamentos” Tiago 2: 1-10. Infelizmente as pessoas ainda olham para as aparências! Se não tivessem olhado apenas para as aparências, reconheceriam o Senhor Jesus e não teria sido necessário fazer a pergunta: Quem é Este?
Graciliano Martins – Pastor e Psicólogo.