Quem adora aproveitar os dias ensolarados do verão sabe bem o quanto é duro adaptar-se às mudanças de estação. Acordar com os dias cinzentos e frios, característicos dos meses do outono e inverno, não costuma ser mesmo muito agradável. Quando o assunto é sair de casa, dá uma preguiça…
Tudo isso até que é normal. Mas algumas pessoas nessa época mergulham num desânimo total. Para elas, dia sem sol é sinônimo de tristeza, cansaço e mau humor. Além disso, apresentam dificuldades de concentração, fadiga, não querem ver ninguém, não se interessam por sexo. Muitos também podem apresentar um aumento de apetite por massas e outros carboidratos, resultando em aumento de peso e baixa auto-estima. Todos esses podem ser indícios de depressão sazonal. Mas por que será que isso acontece?
ATRÁS DAS NUVENS
Segundo pesquisadores, essa aversão a dias fechados pode ter uma razão bioquímica. Para entender melhor, imagine que o cérebro funcione como uma balança. De um lado está a melatonina, hormônio fabricado com a diminuição da luz solar e que tem a função de regular o sono e nos fazer dormir. Do outro lado, e movido a luz do sol, entra em ação um neurotransmissor chamado serotonina, responsável por regular o humor, a energia e o apetite, dando disposição para as tarefas do dia-a-dia.
Como nos meses de frio os dias são mais curtos e com baixa luminosidade, o ambiente favorece mais a fabricação de melatonina. Dessa forma, a balança pende para o lado do sono.
Daí a possível explicação para a apatia, a irritabilidade e a introspecção, devido a um estado de sonolência constante que tira o ânimo de qualquer um.
ESTAÇÃO MAU HUMOR
Como a depressão sazonal está diretamente relacionada à falta de sol, estudos revelam que, quanto mais distantes os países estão da linha do equador, maior a probabilidade de desenvolvê-la. Talvez esteja aí uma das razões para entender por que as pessoas que vivem em países de clima frio se mostrem menos receptivas, se comparadas às que vivem em clima tropical.
É bom lembrar que uma leve indisposição nos dias frios é normal e não há necessidade de auxílio médico. Esta versão mais leve recebe o nome de “winter blues”, algo como melancolia de inverno. Nestes casos, a tristeza e a vontade de ficar em casa comendo pipoca e assistindo televisão são facilmente superadas. Porém, nos casos da depressão sazonal, que aparece de forma acentuada, é preciso contar com a ajuda de um profissional.
DEIXE 0 SOL ENTRAR
Foi nos anos 80 que pesquisadores do Instituto Nacional da Saúde Mental dos EUA, em Bethesda, descreveram distúrbios como depressão. Mas somente no ano de 1987 ela foi reconhecida como uma forma própria da doença pela Associação Psiquiátrica Americana.
O tratamento para esse tipo de depressão pode ser feito de duas maneiras: a tradicional, com antidepressivos e psicoterapia, e outra, mais moderna, que usa a luz como base, chamada de fototerapia. Como a falta do sol desencadeia a doença, na fototerapia o paciente é exposto, em pequenas sessões e dependendo de cada caso, a lâmpadas especiais, diferentes das usadas em câmaras de bronzeamento artificial. Com os olhos abertos e a uma certa distância das luminárias, pois não é necessário olhar direto para a luz, a luminosidade sensibiliza a retina, estimulando a secreção de seroto- nina, o hormônio da disposição.
Estudos comprovam um resultado impressionante, pois o relógio biológico afina—se novamente, fabricando cada hormônio na hora apropriada. Mas é importante salientar que somente o médico pode orientar este tratamento, já que pacientes com doenças oftalmológicas, como catarata ou deslocamento da retina, não devem se submeter à fototerapia.
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