A palavra Páscoa vem do hebraico pessach, que passou para o grego paskha, pelo latim pascha até chegar ao que conhecemos hoje. Muitos concebem a idéia da Páscoa ao êxodo do povo israelita (judeu) do cativeiro egípcio do Faraó Ramsés II. Essa idéia está correta, mas há algumas curiosidades muito interessantes. A Páscoa era uma festa anual, de origem pré-israelita que já existia entre os pastores nômades, para o bem do rebanho. A palavra pessach significa “passar sobre”. Essa expressão nos lembra, então, da última das dez pragas que ocorreram no Egito. A décima praga dizia que um anjo exterminador passaria sobre o Egito e que mataria todos os primogênitos. Deus, através de Moisés, deu uma ordem dizendo que para os israelitas protegerem os seus filhos deveriam sacrificar um cordeiro de um ano, sem defeito e que o sangue do animal deveria ser passado nos dois marcos e na travessa da porta. Dessa forma, o anjo exterminador passou e ao ver o sangue passou sobre as casas israelitas e nenhum filho primogênito foi morto. Dessa forma a ligação entre a Páscoa, a décima praga e a saída do Egito é apenas redacional, já que o êxodo aconteceu no momento da Festa da Páscoa.
A Páscoa judia sempre acontece em uma data diferente da Cristã, ocorrendo na primeira lua cheia do ano, que marca o fim do inverno e o início da primavera. A Páscoa Cristã que já foi comemorada em diversas datas, por último foi mudada para o primeiro domingo depois da lua cheia a partir do dia 21 de março (equinócio de outono no hemisfério sul), tudo isso de acordo com o decreto do papa Gregório XIII (Ugo Boncampagni, 1502-1585), Inter Gravissimas em 24/02/1582, seguindo o primeiro concílio de Nicéia de 325 d.C., convocado pelo imperador romano Constantino.
O Significado da Páscoa
Embora a Páscoa tenha sua origem no Pessach, quando o povo de Israel sai da escravidão egípcia para a liberdade, das trevas para a luz, a Páscoa Cristã, celebra a ressurreição de Jesus Cristo.
Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu até sua ressurreição, quando Cristo venceu a morte. Alguns estudiosos dizem que a Páscoa é um memorial de um rito de “passagem” feito por Jesus Cristo: quando ele passa da morte para a vida. É o dia mais importante da religião cristã, quando as pessoas vão as igrejas e participam de cerimônias religiosas.
A Festa da Páscoa passou a ser uma festa cristã após a última ceia de Jesus com os apóstolos, na quinta-feira santa. Os fiéis cristãos celebram a ressurreição de Cristo e sua elevação ao céu. A celebração sempre começa na quarta-feira de cinzas e termina no domingo de Páscoa: é a chamada Semana Santa.
É um dia de reflexão. Refletimos sobre a culpa, o perdão, a morte, a vida, o amor, a solidariedade e a liberdade
Curiosidades sobre a Páscoa
De onde vem os Ovos?
Existem muitas crenças sobre a origem do coelho e dos ovos de Páscoa. O ovo é um dos mais antigos símbolos. Significa fertilidade e recomeço da vida. Alguns historiadores garantem que o costume de cozinhar e depois colorir ovos de galinha para depois presenteá-los surgiu entre os antigos egípcios, persas e algumas tribos germânicas.
Há ainda uma hipótese de que os orientais embrulhavam os ovos naturais com cascas de cebola e cozinhavam-nos com beterraba. Ao retirá-los do fogo, ficavam com desenhos mosqueados na casca. Os ovos eram dados de presente na Festa da Primavera.
Hoje, atribui-se aos chineses o costume milenar de presentear parentes e amigos com ovos nas festas de primavera. Mas foram os reis e príncipes da Antiguidade que confeccionaram ovos de prata e ouro, que eram recobertos de pedras preciosas. O povo, sem recursos para tais luxos, manteve a tradição de presentear ovos de galinha confeccionados.
Dizem que os cristãos primitivos da Mesopotâmia foram os primeiros a usar ovos coloridos na Páscoa. Em alguns países europeus, os ovos são coloridos para representar a alegria da ressurreição.
Na Armênia decoravam ovos ocos com retratos de Cristo, da virgem Maria e de outras imagens religiosas. No século XIX, ovos de confeito decorados com uma janela em uma ponta e pequenas cenas dentro eram presentes populares. Porém esses ovos ainda não eram comestíveis.
Depois da morte de Jesus Cristo, os cristãos consagraram esse hábito como lembrança da ressurreição e no século XVIII a Igreja Católica adotou-o oficialmente como símbolo da Páscoa. Desde então, trocam-se ovos enfeitados no domingo após a Semana Santa
E o Coelho? Onde ele entra na história?
Uma das causas que ele se tornou símbolo pascal é que ele é um animal que tem uma ninhada muito grande e de intervalos muito curtos. Como a Páscoa é ressurreição, é renascimento, acharam por bem adotar os coelhos, para simbolizar a fertilidade
A tradição do coelho da Páscoa foi trazida à América por imigrantes alemães em meados de 1700. O coelhinho visitava as criancinhas, escondendo os ovos coloridos que elas teriam de procurar na manhã de Páscoa.
Uma outra lenda diz que uma mulher pobre coloriu alguns ovos e os escondeu em um ninho para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. Quando as crianças descobriram o ninho, um grande coelho passou correndo. Espalhou-se então a história de que o coelho é que trouxe os ovos.
No antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antigüidade o consideravam o símbolo da Lua. É possível que ele se tenha tornado símbolo pascal devido ao fato de a Lua determinar a data da Páscoa.
Há ainda uma outra hipótese que remete à Idade Média. Os antigos povos pagãos europeus, nesta época do ano, homenageavam Ostera, deusa anglo-saxã do amanhecer. Ostera ou Ostara era a Deusa da Primavera, que segurava um ovo em sua mão e que observava um coelho, símbolo da fertilidade, que pulava alegremente em redor de seus pés nus. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida.
Fonte:
Grande Enciclopédia Larousse Cultural vol. 18, Ed. Nova Cultural, 1998.
A Bíblia de Jerusalém, Ed. Paulinas, 1981.
Dicionário Houaiss