Desde há algumas décadas identificou-se a extraordinária influência da mídia na vida de todos nós e, principalmente, na das crianças e adolescentes. Inicialmente o problema relacionava-se, principalmente, à televisão mas, com o advento da Internet, esta passou também a ocupar um lugar de destaque como veículo formador de opiniões. A cultura vigente é a do consumo, extremamente fútil, na qual valores realmente importantes inexistem e com a fantasia triunfando sobre a realidade.
As crianças representam parcela expressiva do consumo familiar, o que explica a saturação de imagens e publicidade dirigida especificamente ao mundo infantil. Novos heróis, num mundo de sonhos, promovem a necessidade de consumir roupas, brinquedos, jogos e grifes, ao mesmo tempo em que veiculam mensagens as mais diversas. Em programas chamados de infantis são apresentados temas vulgares, alguns com forte apelo sexual e até mesmo concursos, onde crianças se esforçam para realizar coreografias erotizadas, são frequentemente promovidos. Para se ter uma ideia do poder de influência destes programas basta observar o modo como as crianças de hoje dançam e se vestem, não causando espanto a disseminação de bonecas, botas, kits de beleza, sandálias etc.
Na pesquisa de Jo Groebel (Dep. de Psicologia da Mídia da Universidade de Utrecht) foram entrevistadas 5.000 crianças de 12 anos, em 23 países, inclusive o Brasil, ficou evidenciado o papel da mídia – principalmente da televisão, no desenvolvimento de uma sociedade cada vez mais violenta.
Nos países pesquisados cerca de 80% das crianças têm acesso a um aparelho de TV e passam 50% mais tempo vendo TV do que fazendo qualquer outra atividade fora da escola comoleitura, dever de casa ou esportes.
O herói de O Exterminador do Futuro é o ídolo de 88% das crianças avaliadas e 50% delas gostariam de um dia serem como ele.
Todo ser humano procura um modelo de comportamento para se espelhar e a enxurrada de violência que penetra os lares através da mídia ocorre justamente num momento em que a criança está em busca deste referencial e no qual mais de 40% delas ainda não consegue diferenciar a realidade do que vê na tela. Em cada hora de programa exibido na televisão há entre 5 e 10 ações violentas – nem os desenhos animados são poupados – o que faz com que um jovem aos 20 anos de idade já tenha presenciado cerca de 25.000 mortes violentas e 200.000 atos de violência.
A televisão é a maior fonte de informação e entretenimento da maioria das crianças em muitos países e o conteúdo de sua apresentação a todos atinge ao denegrir valores morais e éticos, ao banalizar a violência e o sexo.
O que os pais podem fazer a respeito?
- Limitar o tempo para ver televisão a uma ou duas horas por dia. Antes de a criança ir assistir aos seus programas ela já deve ter concluído os seus afazeres escolares e deveres outros.
- Ajudar seus filhos a encontrar alternativas sadias para fazer ao invés de ficar vendo televisão durante horas e horas, como esportes, hobbies e atividades familiares em grupo.
- Escolher antecipadamente os programas adequados, fazendo um esquema a ser seguido durante a semana.
- Conhecer os programas que seus filhos vêem. Quando eles mostram cenas de sexo, álcool e abuso de outras drogas ou violência, ajude-os a compreender o que estão vendo, mostrando toda a extensão do problema – por exemplo, explicando as dificuldades que uma família irá passar quando algum de seus membros é afetado.
- Impedir que aparelhos de televisão sejam instalados nos quartos das crianças propiciando maior tempo para sua utilização e onde é muito mais difícil controlar o que está sendo visto.
- Manter livros, revistas e jogos de tabuleiro na saleta de TV.
- Ser um exemplo vivo do que deseja ensinar, isto é, lendo livros, praticando esportes, fazendo passeios com os filhos, ao invés de passar o fim-de-semana vendo televisão.