O tema é íntimo e ninguém gosta de comentar. Mas na hora agá é desconfortável. Às vezes, provoca dor. Em outras, chega a impedir a relação sexual. Estamos falando do ressecamento vaginal, ou seja, sobre mulheres que não apresentam a lubrificação necessária para uma relação sexual prazerosa. Saiba quando e por que isso pode acontecer.
Diminuição do desejo
A lubrificação vaginal é uma das reações do corpo ao estímulo sexual e prepara a vagina para receber o pênis. Só que algumas mulheres se queixam de não tê-la. A usuária do Bolsa de Mulher J. tem 26 anos, está casada há cinco, é mãe de uma menina e está passando por uma crise no relacionamento. “Estou tão estressada que só quero deitar na cama e dormir”, revela J., garantindo amar o marido, embora não tenha vontade de ter relações com ele.
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“Nunca tinha acontecido isso e tenho certeza que é com ele que quero ficar, não me entendo. Fui no médico pra saber se eu tinha algum problema e a médica disse que estava tudo normal comigo. Mas eu preciso usar lubrificante e não tenho mais desejo sexual nenhum”, conta J., que gostaria que seu marido preparasse surpresas pra ela. “Sou muito romântica e ele não é. Acho que mulher pra sentir prazer não é igual ao homem – o homem é muito mais fácil”, acredita ela.
Pós-parto
A dona de casa C., 31 anos, está casada há cinco anos e tem um bebê de dois. Ela conta que, logo que o filho nasceu, perdeu totalmente o apetite sexual. “Meu marido queria transar comigo e eu não queria saber de mais nada além de descansar”, lembra ela, que não tinha lubrificação e passou a usar gel lubrificante. “Era o jeito ou iria me machucar toda. Eu transava porque tinha que transar, porque não queria frustrar meu marido”, conta ela, que já voltou à vida normal. “Hoje em dia estamos ótimos, até pensando em encomendar outro bebê. Mas já sei que, depois do parto, vou ficar uns três meses seca”, diz ela.
Psicológico?
A usuária do Bolsa K, tem 24 anos e acha que seus pequenos lábios são grandes demais. “Me sinto meio constrangida e estranha, além de incomodar principalmente quando estou naqueles dias, na higienização diária ou quando coloco biquínis mais justos, por causa do volume”, conta K., que também passa por incômodos na cama. “Na hora do sexo, quase sempre tenho que recorrer ao lubrificante para não sentir dor por causa da pele em excesso, que seca a região”, diz ela, que reclama: interromper a relação para passar o lubrificante acaba prejudicando o clima.
Outro fator que pode interferir na lubrificação da mulher é o medo de não agradar. K. acredita que seus pequenos lábios são anormais, mas não há provas quanto a isso. Ao contrário: “Meu namorado nunca reclamou ou comentou nada”, diz ela. Ainda assim, se sente constrangida na hora agá, o que pode atrapalhar a lubrificação.
Segundo a sexóloga Glene Faria, o tamanho dos pequenos lábios não interfere na lubrificação: “Se a mulher se incomoda com o tamanho da sua vagina, ela fica com a autoestima em baixa e se preocupa com o que o parceiro vai achar, inibindo o desejo e sua lubrificação”, elucida.
“Quanto maior a regularidade sexual, mais a mulher ficará lubrificada, pois os músculos vaginais são trabalhados e há o aumento da vascularização e, conseqüentemente, da lubrificação”
Glene afirma que a lubrificação vaginal depende muito da intimidade emocional que a mulher tem com o parceiro. “É a partir dela que a mulher sente desejo, excitação e orgasmo”, afirma a sexóloga, lembrando que cerca de 24% das mulheres têm problemas de excitação e lubrificação. “Em relacionamentos de rotina, elas ‘pegam no tranco’, ou seja, começam a se lubrificar no meio da relação. Por isso, é aconselhável o uso de gel lubrificante”, sugere Glene, explicando que no princípio, quando o namoro é novidade, a mulher naturalmente se lubrifica no início da relação sexual.
Lubrificação x Desejo
O fato de a mulher não ter lubrificação não significa que ela não tenha desejo pelo parceiro. “Se no meio da relação ela se lubrifica e consegue chegar ao orgasmo, considera-se uma resposta sexual normal”, explica a doutora, salientando que os homens se excitam em questão de segundos enquanto as mulheres precisam de até 20 minutos. “O parceiro interessante e interessado deve estimular os sentidos mais importantes para a mulher, que são o auditivo e o tátil, fazendo elogios ao pé do ouvido e dando abraços, beijos e carinhos desde o início da relação”, ensina a sexóloga.
Além do psicológico, outros fatores interferem na lubrificação, que não tem nada a ver com a alimentação, com o tipo de calcinha ou com o sabonete que cada mulher escolhe para si. Há a possibilidade da mulher estar com uma infecção vaginal ou deficiência de hormônios. O ideal é sempre consultar um ginecologista.”No período pós-parto pode haver ressecamento vaginal por conta do hormônio prolactina, que inibe o desejo. Na menopausa, a baixa hormonal também diminui a lubrificação e é indicada a reposição hormonal”, explica Glene.
Uma coisa é certa: quanto mais se faz sexo, maior será a lubrificação vaginal. “Quanto maior a regularidade sexual, mais a mulher ficará lubrificada, pois os músculos vaginais são trabalhados e há o aumento da vascularização e, conseqüentemente, da lubrificação”, afirma a sexóloga.
http://www.bolsademulher.com/sexo/sem_lubrificacao-90739-1.html