Valores nas relações

Dificuldades fazem parte da vida do ser humano e as relações intra e interpessoais, ao longo do tempo, constituem- se num grande desafio para a humanidade. Contudo, vivemos um momento em que urge indagar sobre as finalidades do agir humano e sobre o próprio sentido da existência individual e coletiva diante de tanta violência, miséria e impunidades.

Constata-se, no cotidiano, que os espaços de sociabilidades anteriores (ruas, praças etc.) são representações de perigo. As habitações se transformaram em apartamentos ou residências fechadas. Pouco se vê ou se fala com vizinhos; utiliza-se cada vez mais o carro, que acaba dissolvendo ou reduzindo uma rede de conhecimentos de portão, de rua, de vizinhança. A TV ocupa as pessoas em casa, diminui as conversas, inibe as reuniões e outras formas de lazer. O computador aproxima virtualmente as pessoas. Os membros familiares pouco se veem ou se falam. Assim sendo, surgem novas formas de sociabilidades (surfistas, torcidas de jogos, comunidades virtuais, etc.) fundadas em afinidades ou interesses momentâneos em comum. Hoje as interações ocorrem nos shopping centers, barzinhos da moda e no cyberespaço.  Dificilmente as pessoas se visitam. Para as crianças, no grande centro, a escola ou playground se constituem nas possibilidades de interação.

Nesse contexto, há um cultivo à individualidade; há o excesso de permissividade; há a precariedade nos relacionamentos, baseados em contratos temporários em definição e intenção. Não se prioriza a construção; o ter agrega o valor do ser.  O homem se encontra cada vez mais isolado, pois vem perdendo modos de pertencimento e de sentido de vida. Na busca de conforto e segurança, no desejo de extrair para si o maior prazer de uma vida boa, vive sem construir um projeto de vida. Enclausura-se nos desejos e esquece-se dos sentidos coletivamente construídos, de sentidos mais generosos para si e para os outros.  Neste caminho, o Ser se perde, não encontra caminhos de realização, pois não reconhece os seus próprios desejos.

Nesse sentido, como repensar a Ética em sua função de resguardar a vida, em função de ter uma morada, possuir um valor de lugar e um valor de posição? Como conciliar os direitos individuais e as obrigações coletivas? Quem sabe, retomando os filósofos, a ética socrático-platônica que postula a anterioridade do conhecimento das formas – justiça, virtude, coragem, responsabilidade etc. – como a condição de estabelecimento do Bem e, então, definir a forma de atingi-lo.

 

Norma Emiliano: Assistente Social, Mestre em política social, especialista em Terapia de Família e Gerontologia, amiga e colaboradora do Cada Dia. – www.pensandoemfamilia.com.br

Picture of Pericles Ramos

Pericles Ramos

Olá, sou Pericles Ramos, sou Terapeuta Familiar e Palestrante na área da Família, formado em Filosofia e Teologia. Há 27 anos, escrevo artigos para sites e apresento programas em várias rádios.

Compartilhe nas mídias:

Comente o que achou:

Indicações de livros na Amazon

Ajude o Site da Família arcar a com seus custos,
comprando por meio de nossos links!

Outros Artigos

Adoção

6968811017628544

Lute pelo sucesso do seu casamento

Há uma considerável lista de fatores que contribuem para os problemas conjugais, que vão desde dificuldades financeiras até a incompatibilidade...

Isolated shot of displeased dark skinned young female has Afro haircut, keeps hand on cheek, frowns face from pain, suffers from toothache, dressed in casual sweater, expresses negative emotions

Bruxismo: A Dor Noturna que Pode Impactar Sua Saúde Diária

Se você tem o hábito de ranger os dentes enquanto dorme, isso pode estar causando mais problemas do que você...

Receba nossos conteúdos diretamente
no seu E-mail

Veja nossas Playlists no Youtube